sábado, 28 de julho de 2012

O FIM DA GERAL

Foto: Site kiforum.org.br

   Estamos vivenciando um novo tempo do futebol brasileiro, grandes estrelas não param de rechear os nosso desgastados e sem cuidados campos. Vimos a chegada de novos nomes como Diego Forlán, o melhor jogador da última Copa, para o Inter de Porto Alegre, e de Clarence Seedorf para o Botafogo. O nosso campeonato nacional, completando quase dez anos de formato nos pontos corridos, é um dos mais disputados do planeta, sendo mais disputado até da chamada "liga das estrelas" espanhola onde praticamente Real Madri e Barcelona revezam-se na conquista dos titulos.Nossos times como Corinthians e São Paulo, por exemplo, faturam tantos milhões por temporada, que fazem inveja a muitos clubes europeus. Tudo isso soma-se a vinda do Copa do Mundo para o nosso Brasil em 2014. Tudo parece promissor, jogadores, campos, estádios, tecnologia. Mais será mesmo um avanço para todos? Ultimamente tenho ouvido falar bastante, principalmente de grandes dirigentes do futebol, que o futebol brasileiro está mudando. Mudando para onde? e para quem? 
   Podemos nos ater as mudanças no maior semióforo do futebol brasileiro o estádio Mario Filho, conhecido como Maracanã. Nele estão sendo feita mudanças em suas estruturas sem nenhum respeito a memória do patrimônio do futebol e muito menos aos torcedores que sempre frequentaram o estádio. Mais quem são estes torcedores? No começo da história do futebol, o esporte era era praticado pela elite, não podendo participar deles os chamados excluídos sociais como negros e pobres. Os estádios começaram a serem construídos porque a grande massa começou a se interessar pelos futebol, os excluídos começaram a formar times em seus trabalhos e bairros e a pleitar participações nas ligas profissionais. Houve então uma invasão de pobres dentro e fora das quatro linhas, e passou a ser emocionante, como ainda é, ver um time pequeno e sem recursos ganhando de um grande time, a chamada "zebra". Eu me lembro, quando era mais jovem, de ouvir falar que a geral do maracanã chegou a custar R$1,00. Não sei se era lenda, mais o final dos anos 80 e começo do 90, os reprises que assisti de jogos neste estádio só tinha gente na geral, o anel superior ficava vazio, e assim se fazia o futebol. Todos se engalfinhavam vestidos de regatas, shorts e chinelo, para aguentar o calor carioca, torcendo para o seu time. Sabe-se que agora, com a reforma do Maracanã,que a geral não vai mais existir. Chego a pensar, na verdade, que o Maracanã vai deixar de existir. Pois o" maraca é nosso". Mas a Fifa, entidade máxima do futebol, não quer ninguem se engalfinhando, quer todos sentados em seus respectivos lugares, aguardando o espetáculo. Vê-se hoje ingressos caros, onde só pessoas vestidas com as camisetas originais de seus clubes, com cores inimagináveis, a adentrar os campos, a torcer pelos seus times.
   E os dirigentes voltam a afirmar que o futebol está mudando, que o público está mudando, e posso dizer que é verdade, desde que considerem que modernidade é exclusão, e pensando bem o mundo tá assim. Depois da Copa, os estádios estarão mais modernos e alguem vai ter que pagar o preço dessa modernidade, e não vai dar pra deixar de pagar a conta de luz pra ir aos jogos e agora a conta do supermercado também, e ficar sem comer não dá. São novamente os excluídos que não terão mais dinheiro para entrar nos jogos com ingressos cada vez mais caros. Vamos voltar a ouvir os jogos no rádio, e ficar sonhando em assistir um jogo novamente. A história deve ser cíclica mesmo, e voltaremos ao futebol de elite de tempos atrás.

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