sábado, 27 de outubro de 2012

CARTA À BRAHMA

Imagem: Google

Caros,

Nos últimos meses temos assistido a sua propaganda no qual chama a todos nós, brasileiros, de pessimistas. Isto me fez pensar se sou ou não um pessimista, na verdade porque fiz um ou dois comentários descritos na propaganda, ou se vocês estavam direcionando este reclame a alguém específico. Não encontrei outra resposta que não seja a de mais um apelo para vender cerveja, principalmente no evento em que vocês esperam ganhar muito dinheiro.
Na propaganda de vocês está clara a total falta de senso de realidade sobre as críticas e preocupações que nós, brasileiros (pessimistas), estamos tendo sobre a “Copa do Mundo da FIFA”, em relação a transportes, gastos excessivos (que poderiam ser melhor gasto com os brasileiros), construções de estádios e muito mais. Uma pequena análise sobre estes aspectos, senhores da Brahma, deixa em nós, brasileiros, algumas preocupações sim, e muito válidas, pelo menos de discussão. Nem que seja a preocupação de perguntar, para quem foi feita esta Copa do Mundo, se foi para a FIFA, para os estrangeiros, ou simplesmente para vender mais cerveja.
Dentro destas discussões peço licença para rebater algumas questões que podem desvincular nós, brasileiros, de mais um clichê, a de ser pessimista.
A definição de vocês para brasileiro é festa. Nossos adjetivos principais são os melhores no Futebol e Festas, e só por isso a Copa do Mundo da FIFA, vai ser a melhor, como se um evento que envolve milhões de dólares de dinheiro público fosse feito apenas de ‘bons de festa’. Somos chamados de pessimistas, porque estamos vendo grandes problemas na nossa casa e vamos receber visitas, ao contrário dos poucos brasileiros que tiveram a oportunidade de ir a alguma Copa do Mundo e não tiveram os problemas que parece que vamos ter aqui. Mais pelo menos uma coisa é fato, pela primeira vez na história uma propaganda de cerveja nos chama a reflexão e diz “pessimistas, pensem bem...”. Pois bem vamos pensar. Os nossos aeroportos estarão lotados de torcedores empolgados e grandes atletas, por isso, em outras palavras os voos vão atrasar sim, mais não se preocupe, você que está esperando uma ponte aérea com o seu chefe vociferando ao telefone, não vai ligar para isso, você vai ver de pertinho os melhores atletas do mundo, quem sabe tocar neles! Fazemos o melhor réveillon e o melhor carnaval, nossos melhores adjetivos, quem sabe não são as únicas coisas que fazemos bem, e se tudo der errado faremos então um Carnaval e um Réveillon fora de época e está resolvido. E os engarrafamentos? De trios elétricos? Faço um simples questionamento. Para estarmos nos “engarrafamentos de trios elétricos” os nossos chefes vão nos dar do folga do trabalho. Será que vocês, senhores da Brahma, vão dar folga aos seus milhares de funcionários para correr atrás de trios elétricos? E quem vai fazer a cerveja? Pois, como ficou claro, sem vocês não tem festa.
Acredito que nós brasileiros gostamos muito de Futebol, Carnaval e também da Copa do Mundo, eu também gosto de Copa. Mas também acredito que a copa não vai ser pra todos. E a grande maioria da população não vai se beneficiar delas, pois muitos de nós simplesmente não temos tempo de fazer festas. Os ingressos que vão variar de R$ 150 a R$ 1.500 está fora do orçamento de grande parte da população. E mesmos que os ingressos fossem acessíveis não tem lugar nos estádios para todos e mais os que vão vir de fora. Sendo assim a Copa do Mundo da FIFA é no Brasil e não do Brasil.
Ser brasileiro é olhar para a situação de outros brasileiros, brasileiros que de fato estão sendo desalojados de suas casas e de seus bairros, para a passagem do ‘progresso’. E o que dizer dos comerciantes, donos de bares e botecos (que, aliás, são os que mais vendem Brahma) do bairro de Itaquera, por exemplo, que vão ser proibidos de vender durante os jogos, pois não vão fazer parte do circuito FIFA, criado com a extensão de 1 km para os torcedores (?) comprarem seus tatus da copa enquanto vão para os jogos? Estádios que vão virar elefantes brancos, como o de Manaus e Brasília, que não tem clubes para lotar estes estádios, por falta de incentivo da CBF, apesar que já que vocês gostam tanto de futebol poderiam patrocinar estes times, e ajudá-los a desenvolvê-los. Será que devemos engolir estes fatos com mais um gole de Brahma?
Acho senhores da Brahma, que alguém nesta história deve estar equivocado, ou vocês que desmerecem seus clientes de anos, ou nós que somos pessimistas e não vamos ver engarrafamentos, atrasos, proibições, desalojamentos como festas. Se para vocês ser pessimista é ser critico em relação a algo que vimos ou ouvimos, de não aceitamos facilmente o que um empresa que engolimos (literalmente!) quer colocar nas nossas mentes, então aceito o rótulo de pessimista além do de festeiro, mas espero que vocês também  otimistas, pensem bem, nem todos vamos lucrar com essa copa sem contar vocês, é claro.
Não vou deixar de tomar Brahma, pois esta cerveja para mim significa um breve lazer com alguns amigos, pois dificilmente vou ter a oportunidade de participar de grandes festas com réveillon e carnaval de grande porte como vocês demonstram na propaganda. Muito menos de uma Copa do Mundo. Temos que parar de achar que a partir do momento em que abrimos uma garrafa de cerveja os nossos problemas estarão resolvidos, pois não estarão, temos muitos problemas sociais para resolver, e os mesmos não serão resolvidos com festa. Espero também garantir o direito de questionar e criticar algo que não está me agradando e nem por isso ser rotulado por isso ou aquilo.
Desde já desagradeço, e elevo meus protestos de elevada baixa estima a este reclame.

P.S. Sem entrar no mérito da questão de que a propaganda é boa ou não, deixo este julgamento para que os críticos de publicidade, pois não sou publicitário. A agência que fez o vídeo é a Agência África, e foi considerado como um reclame infeliz principalmente pelo uso de generalizações e clichês. Abaixo algumas críticas ao reclame:

terça-feira, 16 de outubro de 2012

E CAEM OS DEUSES....

Foto: Foto montagem a partir de imagnes do Google.

           Estou vendo o Palmeiras na segunda divisão. Mais uma vez. E desta vez parece cada vez mais inevitável. Cadê aquele time de títulos e força impressionante dos anos 90, da era Parmalat? Quantos torcedores de outros times não poderiam dizer que já sofreram por causa do Palmeiras. Eu sou um deles. Mas afinal o que acontece no Palmeiras?
                Além da total falta de organização político/administrativa pensei durante os últimos dias que a falta de ídolos pode ser uma explicação. Um time que já teve o divino Ademir da Guia assistiu a uma explosão de ídolos na década de 90. Lembro-me que a partir da parceria com a Parmalat, em 1993, o Palmeiras recheou o seu gramado de títulos e ídolos e saiu de um fila de mais de 15 anos. Entre os ídolos da época pode-se citar Evair, Edmundo, Edilson, Rivaldo, Cafu, Muller, Veloso e outros mais, brilharam e deixaram sua marca no time da Água Branca. Mas o mais impressionante é onde foram parar estes ídolos? Parece que o Palmeiras em nenhum momento valorizou os seus ídolos “pós-morte”. Nenhum deles foi convidado para jogos de despedida ou foram vistos nas arquibancadas sofrendo junto. Muitos deles na verdade foram ídolos em outros clubes e “passaram” pelo Palmeiras, como é o caso de Edilson e Luizão, que jogaram no Corinthians, Cafu e Muller que já haviam brilhado pelo São Paulo e Edmundo, que nos últimos tempos fez sua despedida jogando pelo time do Vasco da Gama, do qual se declara torcedor.
                Os torcedores do Palmeiras estão carente de ídolos há muito tempo, desde a libertadores de 1999, salvo são Marcos que parece ser o único remanescente, pois até Alex rejeitou a volta ao Palestra. Por causa disso, e da total falta de planejamento, depois que a Parmalat deixou o clube, o Palmeiras acabou valendo-se da criação ídolos que nem fizeram esforço ou tiveram motivo para tanto, como Kléber, Vagner Love e Valdívia. Nos últimos dois anos o Palmeiras ressuscitou os três e o Felipão como a resolução de todos os seus problemas. Como sempre não deu certo, e a decepção foi ainda maior. Felipão há muito sem demonstrar aquele técnico dos anos 90 de Palmeiras e Grêmio, acabou de sair do barco praticamente pela porta dos fundos, sem deixar claro se foi por vontade própria ou não. Para piorar a situação o sentimento de traição ficou evidente. Kleber descobriu-se era sócio dos Gaviões da Fiel, torcida organizada do rival Corinthians, e caiu-se o primeiro ídolo. Vagner Love foi agredido pela torcida e se transferiu para o Flamengo, onde vestiu a camiseta e chorou por estar jogando em seu clube de coração, e caiu-se o segundo. E por fim, Valdivia ainda continua no clube, mais as suas contusões e confusões põe cada vez mais em desconfiança a sua real participação na história de um clube que se diz campeão do século, em breve pode cair o terceiro.
Assim todos os “novos ídolos” caíram e os velhos ídolos desapareceram. Quem vai entrar na nova Arena Palestra e ser o novo ídolo do Palmeiras? Alguns podem dizer o Barcos, o pirata, que já demonstrou insatisfação salarial no momento mais critico do time, e deixou desconfiado até aqueles que colocavam a mão no olho esquerdo e o punho erguido imitando o atacante comemorando os seus gols. Pura carência.  Chego a conclusão de que o time cair é de menos. O maior problema é passar mais uma vez com sua história em branco, sem ninguém pra contá-la, sem ninguém pra lembrá-la, sem nenhum ídolo para repeti-la. Repito cair é de menos. O que falta é identidade. Se não na sala de troféus do campeão do século, a moldura será mais bonita que o quadro.