quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

ENTRE O COLETIVO E O INDIVÍDUO

Sinalizadores em Estádios - Imagem Site UOL
           Estamos todos tristes com a tragédia que se abateu na Bolívia. Ninguém podia prever que em um jogo de primeira rodada da Libertadores pudesse  acontecer algo tão grave. Mas aconteceu. Ao invés de entrar no mérito da discórdia de alguns torcedores - alimentados por um ódio de raiva e não de rivalidade - devemos refletir como seres humanos sobre o que aconteceu.
         A primeira questão a ser discutida é porque o futebol é o esporte mais violento de todos, porque esportes de forte contato com hóquei e futebol americano os torcedores não se digladiam fora dos estádios? O que pode causar tanto ódio nos torcedores?
O mais impressionante é que nas redes sociais - as mesmas de revolucionários de teclados de pc na mão - estão martirizando todo e qualquer torcedor do Corinthians como culpado do incidente, fato que beira a covardia. Nem todos os torcedores de futebol e do Corinthians gostam e praticam violência, não podemos generalizar. Outros torcedores rivais do Corinthians estão se aproveitando do momento para tentar de todas as formas eliminar o alvinegro de todas as competições possíveis, como se a torcida do Corinthians fosse a primeira e a única a praticar qualquer tipo de violência que ocasionou em morte em nome do futebol.
            Em 1995, por exemplo,  São Paulo e Palmeiras realizaram uma das piores brigas de torcida da história do Brasil em uma final de Copa São Paulo de Futebol Junior. E em nenhuma das torcidas foi caracterizada de "assassina" e sim os seus indivíduos. Sorte dos assassinos que não existiam redes sociais na época.
O que temos que refletir é sobre a doença que nossa sociedade vive, onde pessoas deixam as suas casas com o pensamento único de demonstrar força e poder perante os outros, e junto com sua matilha destruir o torcedor rival e depois de se deliciar com o sangue nas mãos vai para casa, deita e dorme como se nada tivesse acontecido. Pergunta-se: onde formamos estes monstros? Só pode ser de uma necessidade de extravazar algo que faltou. Não sei dizer o que é.
Estádio Pacaembu vazio - Imagem: Blog do Mion
O Corinthians que sempre se beneficiou de sua torcida (que nunca para!) jogou com portões fechados. A punição - justa ou não - ao Corinthians transforma uma atitude individual em uma atitude coletiva. Se pensarmos pelo lado de que o Corinthians e outros torcedores não tem nada a ver com o irresponsável que lançou o sinalizador a punição é injusta. Injusta para aqueles que são contra a violência e já tinham comprado os seus ingressos para ver o Corinthians no Pacaembu durante a Libertadores. Mas pensando bem, por outro lado, a decisão da punição é justa pois o crime ocorreu dentro de uma situação de coletividade, existiam várias testemunhas que viram o que aconteceu, e muitos dizem que não conhecem o cara, ou por uma questão ética das torcidas organizadas, não vão delatar quem foi. A maioria das reclamações de todos outros torcedores do Brasil, é que os torcedores do Corinthians sempre foram violentos. Torcedores comuns não tem mais espaço nos estádios de futebol que agora são elitizados e com espaços destinados a organizadas que entram de graça nos estádios. Nós como cidadãos temos que parar de ser omissos e fingir que não estamos vendo nada a nossa frente, e esperar sempre que as autoridades e o estado tomem conta de todos os problemas que acontecem no nosso país. Estão culpando a equipe do San José por ter deixado os sinalizadores entrar no estádio, estão
culpando a equipe do Corinthians por ter um torcedor inconsequente. E quando vão culpar todos os outros torcedores que viram que um cara entrou com um sinalizador de navio no estádio? Quando nós mesmos vamos deixar de ser corruptos e fingir que não vimos nada quando vemos algo de errado? E depois colocar a culpa no estado?

Um comentário:

  1. Sou contra o que foi feito em relação à torcida corintiana. Acho que a venda de ingressos deveria ter ocorrido normalmente, deveriam ter lotado o Pacaembu, e liberar a lotação máxima para todos os jogos que o Corinthians fará na Libertadores em São paulo, porém, 100 % da renda obtida com a venda de ingressos em todos os jogos deveria ser revertida a família do garoto, que mesmo assim ainda não teria a perda compensada.
    Ricardo Posso

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